A Mocidade Independente de Padre Miguel busca resgatar a sensualidade do brasileiro através do enredo sobre o Caju, fruta tropical que costuma vir do Ceará e adoça bocas pelo país.
Nas feiras, até os comerciantes usam o bordão do samba. “Caju maravilhoso, que virou até enredo da Mocidade de Padre Miguel”, diz feirante para anunciar as vendas da fruta.
O enredo assume um flerte com os carnavais mais leves e campeões da agremiação nos anos 80 e 90. A obra “Pede caju que dou… Pé de caju que dá”, assinada pelo ator e humorista Marcelo Adnet e pelo veterano Paulinho Mocidade, dentre outros compositores, contraria a tendência de sambas mais densos que desembarcaram na Avenida, sobretudo, a partir de 2016.
O carnavalesco Marcus Ferreira destaca que o enredo trata da história do país.
“História de brasilidade que é a cara da escola. O caju sempre é protagonista na história do brasileiro. É arte, é sabor, o caju proporciona diferentes sentimentos. Vai retratar a sensualidade latente que tem dentro de nós”, afirma Ferreira.
Autor de livro sobre a história dos enredos do carnaval carioca – e atual enredista da Mocidade -, o jornalista Fábio Fabato diz que a tentativa de refletir contextos é uma das máximas das agremiações desde o primeiro concurso, ocorrido em 1932.
“Enredos são apostas em que buscamos produzir espelhos ou esponjas do que está na boca e no coração das pessoas. Como a escola desfilou bastante desanimada em 2023, nós quisemos dar uma guinada no astral dela própria e geral, a partir de uma desconfiança: ‘será que a Sapucaí está sentindo falta de mais leveza e fuzarca?’ Assim surgiu a nossa proposta”, lembra Fabato.