Veja os enredos das escolas de samba do Rio para o carnaval 2018

Beija-Flor foi a última das 13 escolas a anunciar enredo. Sorteio da ordem dos desfiles foi realizado no sábado na feira Carnavália-Sambacon.

Apesar das dificuldades e corte de verba por parte da prefeitura, os preparativos para o carnaval 2018 já estão em andamento por parte das escolas de samba. Das 13 agremiações, 12 já escolheram e divulgaram seus enredos para o Carnaval 2018 até 15 de julho. Só a Beija-Flor de Nilópolis deixou para anunciar o seu no dia 30 de julho, durante a feijoada na quadra da escola, em Nilópolis, na Baixada Fluminense (veja abaixo os enredos já definidos).

Por causa do impasse na com relação à subvenção municipal, somente no sábado (15) – data limite prevista pelo regulamento – foi sorteada e divulgada a ordem dos desfiles do Grupo Especial.

O sorteio aconteceu no encerramento da feira de empresas de carnaval, a Carnavália-Sambacon, no Centro de Convenções Sul América, na Cidade Nova, no Centro da cidade.

Em 2018, 13 escolas vão se apresentar em dois dias de desfile, já que por conta dos acidentes ocorridos nas apresentações da Unidos da Tijuca e da Paraíso do Tuiuti nenhuma agremiação foi rebaixada para Série A do Grupo de Acesso.

BEIJA-FLOR

Última escola da divulgar seu enredo, a Beija-Flor vai fazer uma crítica social-político-religiosa no carnaval do ano que vem, fazendo um paralelo entre a situação vivida pelo país atualmente e a história de “Frankenstein”, obra de Mary Shelley, que completa de 200 anos em 2018. E vai levar para a Sapucaí “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”. A escola vai criticar a a desconfiança e a falta de respeito e de amor ao que é diferente.

GRANDE RIO

Após homenagear Ivete Sangalo, a Grande Rio fará um tributo ao centenário de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que será celebrado no dia 30 de setembro deste ano. O enredo será “Vai para o trono ou não vai?”. Os carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage já trabalham no tema sobre o popular comunicador, que completaria 100 anos em 2017 se estivesse vivo.

Márcia e Renato Lage, que estão estreando na escola de Duque de Caxias, vão lembrar os figurinos coloridos e espalhafatosos, pioneiro da Tropicália, a energia dos programas de calouros, as brincadeiras com o auditório e os artistas que ganharam destaque no cenário musical e os sucessos que marcaram o programa “Cassino do Chacrinha”, na rádio e na TV.

Com o enredo “ Uma noite real no Museu Nacional”, a Imperatriz Leopoldinense quer proporcionar ao público uma viagem fantástica pelo palácio que foi morada de reis e rainhas e depois abriu suas portas para a ciência. Como bem destaca o carnavalesco Cahê Rodrigues, é preciso destacar a importância da mais antiga instituição científica do país, que está completando 200 anos. O Nacional é também o maior museu de história natural e antropologia da América Latina.
IMPÉRIO SERRANO

A Império Serrano vai fazer de tudo para se manter no grupo de elite com o enredo que fala da rota da seda. “ O império do samba na rota da China”, que vai ser desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo, uma viagem pela cultura, pelo universo de tradições, heranças e invenções e pelos mistérios da China milenar. A escola vai contar com contará com os pesquisadores Helenise Guimarães e Roberto Vilaronga para o desenvolvimento do tema.

MANGUEIRA

O carnavalesco Leandro Vieira promete fazer uma crítica bem humorada a quem se aproveita da crise econômica para acabar com a alegria da maior festa popular, o carnaval. Para isso a Estação Primeira de Mangueira vem com o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, inspirado na frase da marchinha “Eu brinco”, de 1944.

A verde e rosa vai destacar a importância do carnaval como um traço da cultura popular, desde o tempo em que os foliões usavam polvilho na cara e limão de cheiro. Tem também os tambores de Zé Pereira, os cordões, as grandes sociedades, os bailes de máscara, os blocos e as batucadas nos bares. E propõe repensar do carnaval atual, que de tão luxuoso está se afastando do povo.

Na luta pelo bicampeonato, a Mocidade Independente de Padre Miguel apresentou no dia 5 a sinopse de seu enredo para o carnaval 2018. “Namastê… A essência que habita em mim saúda a que existe em você” tem como carnavalesco e autor Alexandre Louzada e teve a sinopse escrita pelo jornalista e escritor – biógrafo da agremiação – Fabio Fabato. A proposta, segundos os dois, é promover uma espécie de casamento entre Brasil e Índia, mostrando que boa parte de nossa identidade historicamente consagrada tem origem justamente em terras indianas.

Fabato, que não integra a comissão de carnaval da escola, ficou feliz com o convite: “Louzada é o único carnavalesco que ganhou em quatro escolas grandes diferentes. Nem Joãosinho Trinta fez isso. Ou seja, ele buscou entender o estilo da Mocidade e foi muito especial trocarmos ideias sobre como agradar o coração do torcedor – conta ele, que é autor de “As Três Irmãs – como um trio de penetras ‘arrombou a festa’”, primeira biografia da Estrela Guia da Zona Oeste.

PARAÍSO DO TUIUTI

A Paraíso do Tuiuti também não perdeu tempo em escolher seu enredo. “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, de Jack Vasconcelos vai falar sobre os 130 anos da assinatura da Lei Áurea. Mas com um olhar crítico, lembra que não houve preparo para a libertação dos escravos. E que isso não trouxe mais cidadania nem igualdade de direitos para os ex-escravos. A escola também vai mostrar como foi a escravidão no norte da África, que era bom negócio para chefes negros, que escravizavam povos eslavos.

A Tuiuti já tem até samba-enredo, que foi encomendado a Cláudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Anibal.