Beija-Flor, o grito de protesto campeão do Carnaval 2018 do Rio

Cinco agremiações levaram temas com críticas sociais e políticas à Sapucaí neste ano

Agremiação leva discurso político para a Sapucaí e troca o luxo pelos trapos e referências à violência. Paraíso do Tuiuti é vice-campeã com desfile também marcado pelo tom de protesto político

Beija-Flor é a grande campeã do Carnaval do Rio em 2018, um ano marcado pelo tom político e de protestos nas ruas que chegou até ao Sambódromo. Neste ano, 13 escolas disputaram o título no Carnaval mais tradicional do Brasil. Durante toda a apuração, Mocidade, Salgueiro e Paraíso do Tuiuti se revezaram na liderança, mas foi a escola de Nilópolis, que apresentou o enredo Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pari, que levou para casa seu décimo quatro título. Também com um desfile em tom de protesto e carregada de críticas ao Governo do presidente Michel Temer, a Paraíso do Tuiuti foi eleita vice-campeã, com o enredo Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?.
Patrono condenado e enredo que enalteceu ditadura

As críticas sociais e à corrupção levaram o escrutínio e os questionamentos ao próprio mundo do Carnaval – as escolas são historicamente ligadas à máfia que domina o jogo do bicho e as máquinas caça-níqueis, todos negócios ilegais no país. O patrono da campeã Beija-Flor, Anísio Abraão David, é um conhecido contraventor que recorre em liberdade de uma sentença de 48 anos de prisão por . Foi o filho dele, Gabriel David, que idealizou o desfile vencedor, segundo o jornal carioca Extra. Não é a única controvérsia recente da Beija-Flor: seu mais recente campeonato havia sido conquistado em 2015 com um enredo em homenagem à Guiné Equatorial com patrocínio do ditador Teodoro Obiang.

Nas redes sociais, o discurso político da Beija-Flor e da Tuiuti, especialmente desta última, repercutiu. Na tarde desta Quarta-Feira de Cinzas, a #TuiutiCampeãdoPovo virou um dos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro, com adesão de políticos que fazem oposição ao Governo Temer. A escola, novata no grupo das principais do Rio, apresentou no Sambódromo crítica à reforma trabalhista e ao próprio Temer, representado como um vampiro.

As escolas rebaixadas para a série A do Carnaval do Rio em 2018 foram: Grande Rio e Império Serrano. 

Fonte: El País.